Formas de governo: Democracia e Socialismo

Por muito tempo, o mundo esteve bipolarizado em grandes zonas de influência socialista e capitalista. Essa competição entre sistemas desencadeou uma série de conflitos bélicos, acordos econômicos e políticos, repressão de ambos os lados e uma divisão de pensamento político que dura até hoje.

Mas afinal, o que seria um governo socialista? Como podemos definir também um governo capitalista democrático? Esse artigo se aprofundará nessas questões, na tentativa de melhor informar o leitor sobre esses assuntos que estão voltando com força total, principalmente no contexto brasileiro.

O Socialismo

Esse tipo de governo pode ser considerado um sonho. Desde os primórdios da humanidade, as pessoas sonham com uma sociedade mais justa e equilibrada, onde todos tenham os mesmo direitos, deveres e oportunidades. Esse sonho pode ser entendido obrigatoriamente como uma oposição a realidade em que homens dominam e exploram homens.

Chapéus da antiga URSS
Chapéus da antiga URSS (foto: reprodução)

Era quase isso que o teórico Karl Marx escrevia em seus livros mais famosos: O Capital e O Manifesto Comunista. Em um pensamento de oposição ao capitalismo liberal do século XIX, Marx tecia duras críticas sobre a exploração do homem para o homem, as desigualdades sociais históricas (baseado na luta de classes) e das péssimas condições de vida dos trabalhadores.

Em teoria, o socialismo seria um tipo de governo em que o Estado desenvolveria sua economia para atender as demandas de seu povo, fornecendo melhores serviços de saúde, educação, segurança e empregos a todos. Para isso, a propriedade privada deveria ser extinta e todos os meios de produção e serviços passariam para a tutela do Estado.

As classes sociais também não existiriam nessa forma de governo. Isso aconteceria porque – o Estado forte, imposto pela ditadura do proletariado – ao tomar para si os meios de produção e serviços, acabaria com as diferenças entre burgueses e proletários. A sociedade inteira produziria para si mesma, visando aumentar cada vez mais sua qualidade de vida.

O comunismo seria o último estágio do socialismo. Nesse estágio, a consciência humana teria se desenvolvido de tal forma que o próprio Estado seria desnecessário e toda a sociedade continuaria a trabalhar em conjunto para seu sustento. Na prática, esses dois termos acabaram sendo delimitados a contextos políticos sociais diferentes.

O Capitalismo Democrático

Grande parte das sociedades humanas trabalharam com alguma espécie de troca, seja por dinheiro ou trocas simples, desde seus primórdios. As relações econômicas entre nações se desenvolveram com o tempo para que, principalmente, tivessem acesso a diferentes produtos que seus espaços geográficos, climas e até atividades culturais não contemplavam ou produziam.

Dinheiro (foto: reprodução)
Dinheiro (foto: reprodução)

Com a expansão marítima europeia iniciada no final do século XIV, as relações comerciais atingiram outro nível. Baseado no sistema monetário (na época, metalismo), os Estados europeus desenvolveram uma economia de mercado que envolvia importações e exportações de diversos produtos. Era o início do capitalismo.

O pensador Adan Smith nesse novo sistema viu uma agravante. Ele diria que o Estado – na época grandes monarquias de plenos poderes – não deveria interferir na economia. Para ele, a livre competição entre empresas, além de baratear os produtos, estimularia o desenvolvimento tecnológico e traria produtos de maior qualidade sempre. Essas relações de mercado se desenvolveriam por si mesmas, de acordo com as “leis de procura e oferta” que regem o mercado. A isso ele se referiu como Liberalismo.

Dessa forma, o Estado capitalista deveria ser liberal e voltar suas atividades para economia de mercado. A grande quantidade de empresas geraria um grande número de empregos e a capacidade produtiva de um Estado, juntamente com a sua quantidade de exportações determinaria sua força internacional.

O sistema democrático viria contemplar principalmente as nações dos continentes americanos. A escolha dos representantes políticos por meio do voto, asseguraria os interesses políticos e econômicos dos grupos vencedores.

Da teoria a prática

Os dois sistemas possuem falhas. Estados capitalistas e socialistas existem até hoje, mas tiveram que beber na fonte um do outro pra sobreviverem e se adaptarem as transformações sociais e históricas, principalmente no século XX.

O capitalismo por si só está fadado a crises econômicas que geram desemprego e caos social. Basta recorrer a história e verá a grande quantidade de crises que assolaram as mais diversas nações capitalistas. A maior crise que talvez tenha abalado para sempre o sistema liberal foi a crise de 1929. Devastando primeiramente os Estados Unidos, com uma onda de quebra de bolsas de valores, desemprego e caos que varreu o ocidente.

A questão da interferência do Estado foi novamente levada em consideração, tanto para o controle das atividades econômicas, como para a manutenção do bem estar social. Como o bloco soviético não havia sofrido em nada com a crise, os Estados capitalistas tiveram que desenvolver políticas públicas para levantar a economia e dar melhores condições de vida aos trabalhadores por meio de programas assistencialistas. O capitalismo tomava para si características do socialismo.

O socialismo também não passaria ileso. Sua ineficiência produtiva seria incapaz de competir com o capitalismo na guerra fria. Sem relações de mercado mais independentes e sem livre concorrência, esse sistema por si só não conseguiria progredir tecnologicamente no mesmo ritmo que seu principal concorrente. As dificuldades econômicas dessa competição afundou a URSS no final do século XX, mas ainda deixou suas heranças.

A China socialista é o melhor exemplo para se comparar. Como um país teoricamente incapaz de competir com o avanço tecnológico e capacidade produtiva poderia superar a maior economia capitalista do mundo? A resposta também se converte em uma concessão. O socialismo chinês bebeu da fonte do capitalismo e admitiu uma economia de mercado aberto que permitiu imensos avanços produtivos a esse país.

A história nos mostra que os extremos não sobreviveram. O capitalismo não é o mesmo desde o início, muito menos o socialismo. Tendo em vista essa série de transformações, é plausível dizer que ambos ainda mudarão bastante com o passar do tempo.

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