Entenda como foi o processo da independência do Brasil

A América Portuguesa, como pode ser chamada, tratava-se do território que hoje denominamos como República Federativa do Brasil. Porém, antes de chegarmos a constituir uma república, o Brasil foi colônia de Portugal, sendo parte integral desse grande império.

Como sabemos, as colônias eram utilizadas para extração e produção de riquezas para que pudesse abastecer as metrópoles e configurar relações econômicas para benefício do império. Os portugueses que vinham ao Brasil e até mesmo os que nasciam aqui, deveriam pagar tributos, produzir só o que lhes era permitido e manter relações econômicas apenas com Portugal.

Por si só, isso já deixava grande parte da elite local extremamente dependente das corte. Os comerciantes eram limitados e os lucros muito difíceis de se obter. Esses motivos suficientes foram para declaração da independência de diversos países da América do sul e talvez até do Brasil. Mas o que mudaria o cenário da colônia seria a chegada da família real portuguesa.

Precedentes da Independência 

No início do século XIX, Napoleão Bonaparte iniciaria sua expansão militar pela Europa, derrubando as monarquias de diversos países e mudando conceitos, visões de mundo e estruturas políticas. Os avanços militares de Napoleão chegariam a Espanha e marchariam à Portugal.

Quadro representativo do momento da independência - não é um retrato fiel do momento. (foto: reprodução)
Quadro representativo do momento da independência – não é um retrato fiel do momento. (foto: reprodução)

Para evitar que o império português fosse tomado pelos franceses, o rei Dom João VI decide fugir para o Brasil, colônia portuguesa que oferecia o melhor suporte para receber a realeza. Dessa forma, Napoleão não poderia se apossar do império português e dificilmente iniciaria uma empreitada marítima.

Ao chegar no Brasil em 1808, Dom João VI promove uma série de mudanças estruturais no Rio de Janeiro, para que a cidade se tornasse a capital do império. Sim, a antiga colônia agora se tornaria sede do Império Unificado em Portugal, Brasil e Algarve. Nesse momento, o Brasil deixa de ser colônia e passa a ter grande importância no império.

Isso se refletiu também na economia. Finalmente o Brasil poderia comercializar livremente com as nações aliadas e uma série de outros benefícios foram autorizados pelo rei. As mudanças podem ser consideradas drásticas e uma quantidade considerável das elites brasileiras se contentaram com a situação.

Motivações para independência

As coisas em Portugal não estavam boas, abandonados pelo próprio rei, o povo português aprovou uma nova constituição e exigiu o retorno do antigo monarca à Lisboa e Dom João VI acata o pedido do português. Os mesmos exigiam, dentre muitas coisas, que a capital do império retornasse à Portugal e que o Brasil fosse rebaixado à condição de colônia novamente.

A agitação política no país foi imensa. Grande parte dos comerciantes, nobreza e os principais agentes políticos do país se mostraram contrários a essa situação. O Brasil havia se acostumado com as novas condições de reinado e se rebaixar a colônia novamente significaria o fim de muitas regalias, do comércio fora do pacto colonial, dentre outros fatores.

Pedro, herdeiro do trono, que havia ficado como príncipe regente no Brasil, tentava se manter no grande alvoroço que estava acontecendo. Houve o clássico “Dia do Fico”, onde após receber uma mensagem de Portugal exigindo sua volta, mas Pedro decide ficar no Brasil.

A independência

O príncipe Pedro começou a tomar providências que claramente eram contra os interesses de Lisboa. Aprovou uma assembléia constituinte no Brasil e delimitou que nenhuma lei de Portugal seria soberana no Brasil sem a aprovação dele próprio. Além disso, Pedro criou a Marinha de Guerra e expulsou tropas portuguesas da costa brasileira.

Durante uma viagem de Santos à São Paulo, o jovem príncipe recebe outra correspondência de Portugal, onde a corte portuguesa refutava completamente suas atitudes e exigiam seu retorno à Portugal. Já cansado da situação e tendo em mente os conselho de seus ministros, Dom Pedro declara a independência do Brasil, com a famosa frase “Independência ou Morte!”.

Apesar de não ser brasileiro, Dom Pedro I tornou-se o primeiro monarca do império brasileiro. Ele também recebeu o título de Defensor Perpétuo do Brasil, devido ao ato de proclamar a independência e lutar contra Portugal para legitimar sua decisão. De fato, o Brasil deixou de ser colônia de Portugal.

Independência dos Estados Unidos resumo completo

Os Estados Unidos da América como hoje é conhecido era bem diferente em seus tempos coloniais. A começar pelo nome, chamado de Treze Colônias, exatamente por serem treze províncias inglesas diferentes em território do Novo Mundo.

Em qualquer uma das treze colônias inglesas na América do Norte, todos os cidadãos eram ingleses e serviam a coroa da Inglaterra. O sentimento de nacionalismo ainda não se aflorava devido ao imaginário de pertencimento britânico.

Os ingleses que se aventuraram nesses territórios do Novo Mundo foram em grande parte para fugir da enorme orgia que era a Europa, tentando estabelecer Estados mais religiosos e liberais sem se desvincular a coroa.

Declaração da independência
Declaração da independência

Outros motivos essencialmente aventurescos ou apenas o desejo de mudar de vida foram suficiente para que mais ingleses viessem as colônias. De início, esses territórios tinham uma certa liberdade econômica e comercial dada pela Inglaterra e isso os permitiu prosperar e crescer em vários sentidos.

O descontentamento dos colonos

Os cenários históricos de uma grande potência mundial nunca são estáticos. Por isso, durante os processos de colonização das treze colônias, a Inglaterra e a França entraram em um conflito armado conhecido como a Guerra dos Sete Anos, que perdurou entre 1756 a 1763.

Esse conflito custou muito da economia inglesa nos esforços de guerra. A coroa teria que resgatar todo o capital perdido de algum lugar e fez isso aumentando as taxas e impostos das treze colônias e diminuindo seus direitos comerciais. Algumas leis como a Lei do Chá, a Lei do Selo e a Lei do Açúcar, impediam que os colonos comercializassem esses produtos essenciais com outros países, além de aumentar as taxas dos mesmos.

O descontentamento se tornava cada vez mais generalizado nas treze colônias inglesas. o Episódio da Festa do Chá de Boston, onde colonos embriagados e vestidos de índio invadiram uma embarcação inglesa de chá e lançaram a carga ao mar, foi apenas uma de várias manifestações contra o controle inglês.

Os congressos de Filadélfia 

O primeiro Congresso de Filadélfia 1774 não possuía posicionamento político separatista. Foram redigidos uma quantidade de pedidos a Inglaterra para retomar os direitos dos colonos ingleses. No entanto, o monarca inglês George III refutou todos os pedidos, além de aprovar mais leis que diminuíam dos direitos dos colonos e feriam sua honra.

O segundo Congresso de Filadélfia 1776 foi essencialmente separatista. Os colonos ingleses já cansados do tratamento da Inglaterra para comas colônias redigiram a Declaração da Independência dos Estados Unidos (nomenclatura feita pela união das colônias contra a coroa). A declaração não foi aceita pela Inglaterra que declarou estado de guerra contra seus colonos.

A Guerra da Independência

As batalhas da independência dos Estados Unidos ocorreram entre 1776 e 1783. O novíssimo Estado americano procurou apoio da França (que ainda se posicionava contra o domínio inglês principalmente por ter perdido a guerra dos sete anos) e da Espanha que possuía interesses em várias terras da América do Norte.

Graças ao apoio dessas duas potências da época, os Estados Unidos venceram a guerra da independência e construíram um Estado baseado no Federalismo e no Liberalismo, com fortes tendências iluministas, mantenedor da escravidão e a garantia da propriedade privada. Esses e outros direitos foram assegurados na Constituição dos Estados Unidos promulgada em 1787.

Qual foi o preço pago pela independencia do Brasil

Independência do Brasil
Monumento a Independência do Brasil em São Paulo.

O Brasil foi colônia do império português por séculos e sua grandiosidade territória deu a Portugal um dos maiores impérios que o mundo já viu. Sem dúvida, o mundo vira o maior império territorial que já existiu quando acontecera a união ibérica entre Espanha e Portugal, unificando assim todas as posses e colônias desses dois impérios que juntas formavam um terço do mundo.

O Brasil era a maior colônia de Portugal e a que lhe dava mais lucros em exploração e cultivos voltados para exportação, seguida logo depois das colônias africanas onde ocorria o tráfico negreiro de humanos para o trabalho escravocrata. Dessa forma, a colônia americana de Portugal tinha sua importância inegável no império.

Com a chegada da coroa portuguesa ao Brasil em 1808, a colônia ganhou inúmeras melhorias em infraestrutura e nas aéreas econômicas. Essas melhorias aliadas a abertura dos portos impulsionaram a economia do império para outros patamares. Além disso, o Brasil foi declarado sede do império de Portugal, Brasil e Algarves e a cidade do Rio de Janeiro, sua capital.

Todas essa liberdade e prosperidade econômica reinou no Brasil até que em 1821, o rei de Portugal retorna ao país de origem e deixa seu filho, Dom Pedro I como regente do Brasil. Nesse mesmo ano, declarações vindas de Portugal chegam ao Brasil exigindo total obediência a Portugal e o retorno a condição de colônia.

As elites do país não ficaram satisfeitas com as exigências de Portugal e muita pressão política recaía sobre os ombros de Dom Pedro. Em defesa desses interesses, Dom Pedro declara independência do Brasil ao receber uma carta que exigia novamente obediência e o seu retorno a Portugal. Esse foi o início de inúmeros combates e guerras pela separação do país.

Após unificar todas as províncias brasileiras e expulsar os portugueses do país, o Brasil  torna-se independente de Portugal. Mas os vínculos econômicos entre os países europeus não poderiam ser quebrados em um possível comércio com o Brasil sem que este fosse aceito como nação independente. Os Estados Unidos foram o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil.

Para conseguir que Portugal, Inglaterra e as demais nações europeias reconhecessem a independência do país, o Brasil teve de iniciar dezenas de negociações entre os três reinos. Só em 1825, mediante a negociação com Portugal, o Brasil conseguia o reconhecimento como nação independente por meio de uma indenização de 2 milhões de libras esterlinas ao reino de Portugal.

Esse foi o preço pelo qual o país pagou para ter sua independência perante as demais nações europeias. A independência do país já havia sido conquistada com várias batalhas e transições políticas anteriormente, algo que não deve ser confundido com a expressão “compra da independência”. No ano seguinte, o Brasil já estava aceito como nação independente e foi reconhecido pouco a pouco perante as demais nações europeias.

Fatos que antecederam a independência do Brasil

Principe Regente
D. Pedro foi o Príncipe Regente do Brasil e declarador da independência.

Geralmente, estudamos a independência do Brasil de forma muito vaga e sem sentido nos colégios. Explicar apenas o grito da independência não abarca os significados processuais necessários para entender o porque se deu essa decisão de D. Pedro na colônia.

Para melhor explicar, nossa viagem ao passado começa na vinda da Coroa Portuguesa ao Brasil, fugida dos ataques de Napoleão. A vinda da coroa ao Brasil trouxe muitas melhorias não só ao Rio de Janeiro mas a toda a colônia. Desde infra estrutura a arte, cultura – não que se tenha “melhorado” a cultura, mas no sentido de se implantar outros traços culturais na colônia que se misturaram com os já presentes aqui -, progresso tecnológico, acadêmico, entre outros. Mas o principal talvez tenha sido a liberdade econômica da colônia brasileira, que nesse momento não era mais colônia e sim a sede do império de Portugal, Brasil e Algarves.

Dessa forma, o pato colonial não mais existia e o Brasil começou a estabelecer relações comerciais com outras nações do mundo, inclusive com a Inglaterra, que obteve muitos benefícios com a ajuda na fuga da Coroa. Isso despertou um progresso econômico mas também algumas revoltas tanto no Brasil como em Portugal.

A Revolução Pernambucana já mostra os traços de sentimentos republicanos e separatistas. Mesmo a colônia agora sendo a sede de todo o reino, D João centralizou demais o poder na província do Rio de Janeiro, deixando as demais desfavorecidas. Mesmo com a revolução suprimida pelo reino, a ideia do descaso da coroa ecoou pelo país. Em Portugal, acontecia a Revolução Liberal do Porto, na qual o povo português exigia o retorno de D. João a Portugal e que este jurasse fidelidade a uma nova constituição e parlamento constituído por representantes de todas as camadas sociais portuguesas e líderes das colônias, que recolocasse o Brasil na condição de colônia e juntamente ao pacto colonial.

Para resolver essa situação, D. João retorna a Portugal e deixa no Brasil D. Pedro, o Príncipe Regente. As forças políticas do Brasil estavam conturbadas com a colta do rei a Portugal e não queriam perder os benefícios que o Brasil estava obtendo com a presença da coroa. Os partidos Portugueses, Brasileiros e Radicais defendiam opiniões diferentes sobre o futuro político do país. O Príncipe Regente no entanto, tinha simpatia com o partido dos Brasileiros por apoiarem a permanência da monarquia.

Logo, as ordens da Coroa Portuguesa chegariam. D. João exigia que D. Pedro voltasse a Portugal e que o Brasil voltasse aos domínios portugueses. Nesse momento a política brasileira (partidos Brasileiro e Radical) deu um salto rumo a independência ao unir-se contra as medidas de Portugal. A elite paulista posicionava-se estritamente contra a volta de D. Pedro a Portugal.

Essas movimentações políticas influenciaram a permanência de D. Pedro no Brasil e a defesa dos interesses brasileiros por parte dele. A proclamação da independência aconteceu pelos nervos aquecidos do jovem príncipe no Brasil ao receber uma carta que exigia mais uma vez a sua volta para Portugal e submissão a Coroa. Os interesses políticos e econômicos giravam entorno de um país independente dos desejos coloniais de Portugal e não haveria escolha a não ser romper a ligação entre colônia e metrópole.