Fatos marcantes da ditadura militar no Brasil

Apesar do Brasil ter passado por outros governos militares anteriormente, como a República da Espada em 1889 e o Estado Novo de Getúlio Vargas de 1938 a 1945, a ditadura militar de 1964 foi a que teve o maior destaque em nossa história. De caráter extremamente antidemocrático e centralizadora, esse governo foi uma saída em meio a diversas crises políticas no país.

Passando por uma crise econômica e política desde a renúncia do presidente Jânio Quadros 1961, o Brasil estava em meio a um colapso, no ponto de vista das elites. O governo assumido pelo vice João Goulart tomava características socialistas principalmente influenciadas pela força da URSS, em pleno auge da Guerra Fria.

Com promessas de mudanças radicais na saúde, educação, questão agrária e política do país, e o aumento da notoriedade das organizações sociais de estudantes e trabalhadores, o governo de Jango estava sendo temido não só pelas elites banqueiras, agrárias e industriais, como também pelo próprio Estados Unidos que impediam a todo custo o avanço comunista nos continentes americanos.

Repressão militar (foto: reprodução)
Repressão militar (Foto: Reprodução)

Com pressões estadunidenses e das elites internas brasileiras, o Exército Brasileiro marcha contra o governo constituído no dia 31 de março de 1964. Jango rapidamente se exila no Uruguai para evitar qualquer tipo de confronto armado inicialmente. Para ilustrar esses 21 anos de ditadura, nós aqui no DicasFree separamos alguns dos fatos marcantes desse período.

O AI 5

O AI 5 ou Ato Institucional Número 5, foi um decreto do governo militar mais famoso por cassar diversos direitos democráticos dos cidadãos brasileiros. Foi instaurado durante governo de Arthur da Costa e Silva, devido a conturbação pública causada principalmente por protestos sociais e trabalhistas, mesmo que na ilegalidade.

Houve a Passeata dos Cem Mil organizada no Rio de Janeiro pela União Nacional dos Estudantes, algumas manifestações e greves operárias como na cidade de Contagem em Minas Gerais e Osasco em São Paulo. A ordem no regime militar estava cada vez mais abalada publicamente e só teria a piorar.

Tudo ficou pior quando as guerrilhas urbanas se organizaram para combater o regime. Formada por idealistas de convicções esquerdistas, esses grupos iniciam assaltos a bancos e sequestros para patrocinar suas milícias. Em resposta ao “caos público”, é decretado o AI 5.

Esse ato garantia poderes extraordinários ao presidente do Brasil e suspendia vários direitos constitucionais como a imposição de recesso ao congresso nacional, a intervenção a qualquer momento em municípios e Estados brasileiros, suspensão dos direitos políticos por 10 anos, cassação de mandatos, suspensão dos habeas corpus em caso de crime político e liberdade de expressão tanto da impressa, como em teatro, cinema e música.

Os anos de chumbo

Os apelidados Anos de Chumbo aconteceram durante o governo do general Emílio Garrastazu Medici de 1969 a 1974. O apelido tem fundamentação extremamente prática: foi o governo que mais perseguiu e reprimiu movimentos sociais e demais atos ou criações contrárias ao regime militar.

Mesmo com o AI 5 já em circulação desde o governo de Costa e Silva, durante o governo Medici a prática da censura imprensa e política é intensificada. É criado o DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações e ao Centro de Operações de Defesa Interna), um órgão do governo militar designado para investigação e repressão.

Os movimentos armados são duramente reprimidos em confrontos urbanos e rurais (como a guerrilha do Araguaia, por exemplo). Também nessa época, uma grande quantidade de artistas, músicos, compositores, jornalistas, escritores e professores são presos ou exilados após as investigações do DOI-Codi.

O Milagre Econômico

Também no governo de Medici, o Brasil passou por um período de crescimento econômico de 1969 a 1973. Com o objetivo de estruturar diversos setores do país, o governo contraiu empréstimos estrangeiros e traçou metas econômicas e de desenvolvimento. Durante esses anos, a industria de base brasileira foi ampliada, as empresas estatais tiveram notável crescimento econômico e uma grande quantidade de obras estruturais foram iniciadas como a Usina Nuclear Angra I, a Usina Hidroelétrica de Itaipu, a Ponte Rio-Niterói, a rodovia Transamazônica, entre outras.

O país chegou a ter a média de crescimento do PIB em 12% ao ano e uma inflação de aproximadamente 19%. O crescimento econômico, além de reestruturar o país, gerou empregos mas não teve uma boa distribuição de renda. Esse fato se evidenciou ainda mais a partir de 1974, quando as dívidas contraídas nos empréstimos se acumularam e ficaram aquém da capacidade econômica brasileira. Esse seria um dos principais motivos mais tarde para a redemocratização do país.

Ditadura militar no Chile resumo escolar

 Constantemente explorados pelos tratados econômicos dos Estados Unidos e assolados em suas imensas desigualdades sociais, os países latino americanos estavam divididos politicamente. Para resolver esse problema, diversas ditaduras militares foram instaladas, principalmente por pressão dos Estados Unidos e das elites industriais locais.

Socialismo no Chile

A situação no Chile era a mesma da grande maioria na América do Sul: desigualdade social. O sistema capitalista só estava favorecendo as poucas elites chilenas e apesar da industrialização do país, nada era suficiente para resolver tal problema.

General Augusto Pinochet (foto: reprodução)
General Augusto Pinochet (foto: reprodução)

Com a grande massa desfavorecida, os ideias socialistas caíram como luva no povo chileno. Pouco a pouco, os representantes socialistas conseguiram seu espaço no governo chileno, até que em 1970, o socialista Salvador Allende foi eleito presidente do Chile de forma democrática. Iniciava-se o projeto socialista no Chile.

Os projetos socialistas eram voltados para o bem estar social. Diminuição da desigualdade, nacionalização dos recursos naturais do país como o cobre. Maiores investimentos na educação, saúde e segurança. Porém, em 1973 o país estaria em crise com inflação de 300% e com o PIB em constante queda. Isso foi suficiente para que as forças armadas intervissem no governo chileno.

Ditadura no Chile

No dia 11 de setembro de 1973, as forças armadas chilenas bombardearam o Palácio de La Moneda e deflagraram o golpe militar. O presidente Salvador Allende se suicidou antes que pudesse ser capturado pelos militares. A partir de então, o Chile seria governado durante 17 anos pelo general Augusto Pinochet .

Durante seu governo, Pinochet tratou de privatizar as empresas estatais e iniciar um projeto de economia neoliberal. Abriu o mercado do país para as multinacionais e reduziu os gastos públicos. Dessa forma, Pinochet também conseguiria alinhar o país no bloco capitalista novamente.

O governo militar chileno ficou conhecido como extremamente autoritário. As perseguições aos socialistas eram claras, houve violação dos direitos humanos, o fim da liberdade de expressão, censura em todas os tipos de mídias, além de diversas torturas aos opositores do governo.

Fim da ditadura

Apesar de tudo, a desigualdade social no país se agravou mais ainda durante a ditadura e o Chile também enfrentaria problemas internacionalmente. Devido ao governo violento de Pinochet, vários países e instituições internacionais cortaram vínculos com o Chile e até mesmo relações diplomáticas. Além disso, o próprio povo chileno não queria mais a ditadura, tendo em vista que as perdas foram maiores que os ganhos.

Como era previsto na constituição chilena, um plebiscito nacional deveria em 1988 averiguar se o povo queria permanência de Pinochet ou a convocação de novas eleições para o ano seguinte. O resultado foi que a maioria preferiu novas eleições. Encurralado por pressões internas e externas, o governo militar teria de se retirar.

Em 1989, aconteceram as eleições para o eleger o novo presidente civil. Patrício Aylwin foi eleito e tomaria posse no próximo ano. Assim, o governo militar duraria até 11 de março de 1990, dando fim ao governo ditatorial e início ao governo civil.

Como foi a guerrilha urbana na ditadura militar

O golpe militar da década de 60 mudou bastante o país. A princípio, o governo ainda se mantinha em bases já comuns aos cidadão, de forma com que grande parte dos brasileiros nem percebessem a diferença de um governo para o outro. A movimentação de ideologias e descontentamento com a ditadura se firmou quase sempre nos grandes centros urbanos do país.

As coisas viriam a se mostrar mais radicais com a aprovação do AI-5, que cerceava direitos pessoais, direitos de imprensa e várias proibições que acabaram por fomentar revolta em diversas entidades políticas já existentes no Brasil. Os demais partidos políticos como o Partido Comunista do Brasil ficaram atuando na ilegalidade e correntes de pensamento se divergiram desses blocos.

As Guerrilhas no Brasil

Dentro do próprio partido comunista e de outros partidos brasileiros (agindo na ilegalidade sob a ditadura), fragmentaram-se formas de pensamento. Existiam aqueles que defendiam as mudanças graduais, pelo voto e articulações políticas, como também aqueles que defendiam as mudanças pela luta armada.

Guerrilha rural
Guerrilha rural (Foto: Reprodução)

A figura de Carlos Marighella foi de essencial importância na representatividade desses que defendiam a luta armada. Marighella fundou o que veio a se chamar de ALN (Aliança Nacional Libertadora) e deu início a uma série de lutas de guerrilha, atentados e assaltos a bancos para patrocinar as atividades revolucionárias.

As guerrilhas no Brasil, como também em vários outros lugares no mundo, foram influenciadas pelos exemplos históricos de Cuba, de Vietnã e da União Soviética, que também patrocinava vários grupos de libertação nos países sul americanos. Um dos lemas da ALN era o lema vietnamita “um, dois, três, mil Vietnãs”.

Apesar de bem dispostos, a organização a ALN não foi suficiente para conter os avanços militares, que em 1969, acabaram por assassinar Marighella em seu próprio apartamento. Após esse incidente, em 1971, surge o Movimento Popular de Libertação Nacional (Molipo).

Além desse, o Movimento Revolucionário de 8 de Outubro (MR-8), a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (Var- Palmares) e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) foram os grupos de guerrilha criados contra o regime militar após a desistência da ALN.

Todos esses grupos acabaram por sofrer maiores repressões, principalmente durante o governo Médici. O governo militar se estruturaria melhor para combater os atentados e roubos cometidos pelos grupos revolucionários, como também para se infiltrar e capturar as lideranças. Além do Oban, tinha o Destacamento de Operações e Informações (DOIs), o Centro de Informação do Exército (CIE), Centro de Operações de Defesa Interna (CODIs).

Apesar de pouco expressiva se comparada a urbana, a guerrilha rural também teve seu peso e foi combatida com igual repressão pelo Exército Brasileiro.