Responsáveis pela greve de 1917

Durante a primeira República brasileira, o país passou por um dos seus primeiros processos de industrialização que instalou principalmente a indústria têxtil em São Paulo, Rio de Janeiro e no Sul do país, primeiramente. A instalação dessas fábricas permitiu que surgisse uma classe operária no Brasil que mais tarde uniria forças para cobrança de direitos.

O contexto financeiro do Brasil, apesar da industria que dava seus pequenos passos, era basicamente alimentado pelo capital do setor cafeeiro, maior produto de exportação do país naquele período. Para garantir a proteção desse setor, as oligarquias alternavam o poder entre paulistas e mineiros (maiores produtores) na chamada política do café com leite.

Entendendo os precedentes e demais contextos

Como já dito, o poder do país estava nas mãos das oligarquias do café, essa mesma que acabou por chamar vários imigrantes para trabalhar nas lavouras após a abolição da escravidão em 1888. O país recebeu principalmente espanhóis e italianos que vieram e se estabeleceram tanto nas lavouras como nas cidades, trazendo com eles, além de outros ideais de trabalho, esperança de uma vida melhor.

Grevistas em São Paulo - 1917 (foto: reprodução)
Grevistas em São Paulo – 1917 (Foto: Reprodução)

Devido as péssimas condições de trabalho nas lavouras, em parte por não haver uma legislação trabalhista no país (a CLT só se concretizará no Estado Novo de Getúlio Vargas), vários italianos fugiram para as cidades onde se estabeleceram e iniciaram os trabalhos no setor industrial como operários. A situação econômica do país já não ia muito bem e os preços estavam em alta, isso somado aos baixos salários, já era motivo de bastante descontentamento. Essas motivações, quando intensificadas, geraram motivos suficientes para uma revolta entre italianos, espanhóis e brasileiros.

O preço da Guerra

A partir de 1915, a Europa iniciava o que mais tarde seria conhecido como primeira guerra mundial. Como as demandas dos esforços militares eram cada vez maiores, vários países tiveram que exportar mais matéria prima e demais produtos. O Brasil apoiava a Tríplice Entente, fato que proporcionou altas exportações de produtos agrícolas.

O grande problema das super exportações era que para suprir as demandas europeias, a economia brasileira começou a utilizar grande parte dos produtos que eram comercializados internamente no país, fazendo com que a falta dos produtos aumentasse os preços e, dessa forma, encarecendo a já deficiente qualidade de vida do operário e cidadão brasileiro em geral.

Em fato de comparação, um operário deveria ganhar o dobro de seu salário para sustentar uma família com dois filhos. Devido a esses motivos, além do trabalho infantil, das pesadas cargas horárias e da falta de legislação trabalhista, um grande movimento operariado começou a se levantar entre essa classe no país.

A greve geral

A greve era quase inevitável, visto que a criação de comitês grevistas com a participação de italianos, espanhóis e brasileiros, estavam se organizando de forma extremamente satisfatória. Os primeiros movimentos se iniciaram logo no início do ano de 1917 em algumas fábricas têxtil no centro de São Paulo. Logo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul entrariam no movimento somando greves em todo o país.

O pico da movimentação popular aconteceu em julho, onde uma greve geral assolou o estado de São Paulo, com participação até mesmo de funcionários públicos. Cerca de 70 mil pessoas aderiram a greve que estava sendo tratada de forma truculenta pelos policiais do Estado. Em uma ocasião, um jovem espanhol chamado José Martinez foi morto pela ação da cavalaria. Esse foi o motivo para que milhares de pessoas se reunissem no enterro do operário, fato que deu ainda mais força para o movimento.

O jornalista Edgard Frederico Leuenroth não só deu apoio ao movimento operário, como assumiu a responsabilidade de lidera-lo e articula-lo. Estando a frente desse movimento, o jornalista acabou sendo preso mas pôde negociar as exigências da greve junto ao governo. Entre as exigências, estavam o aumento de 35% do salário, a proibição do trabalho para menores de 14 anos, a não alocação de trabalhadores de 18 anos e mulheres em trabalhos noturnos, a pontualidade no pagamento dos salários, a soltura dos participantes presos durante as greves e dentre outros.

Os donos das fábricas trataram de conceder o aumento pedido pelos grevistas imediatamente após as negociações. Alguns tópicos foram discutidos depois e parte deles foram atendidos. Com parte das exigências atendidas, a greve se findou e os trabalhos retornaram o mais rápido possível.

Como e onde foram fundadas as primeiras cidades no Brasil

Por volta de 1400, Portugal inicia sua grande empreita nas Grandes Navegações, que lhe rendeu um novo caminhos para fazer comércio com a Índia, além da chegada em vários lugares do mundo, estabelecendo colônias em localidades na Ásia, na África e na América do Sul, como foi o caso da colônia brasileira.

O Brasil foi por muito tempo a colônia mais bem estruturada e mais lucrada do Estado de Portugal, porém, principalmente em meados de 1500, não foi assim. Apesar de ser uma ótima descoberta, os portugueses não acharam nada de grande valor por aqui para concentrar mais investimentos inicialmente, fazendo com que a ocupação se baseasse em pequenas feitorias dedicadas a extração do pau Brasil.

Dessas feitorias, nasceram as primeiras Vilas da colônia brasileira, que foram dadas mais atenção principalmente com a divisão do território em capitanias hereditárias. Por Vila ser um tipo de povoamento e Cidade ser outro diferente, nesse artigo, falaremos sobre a primeira Vila e a primeira Cidade do território brasileiro.

Vila de São Vicente

O território referido no título era uma ilha e só foi tomada em conhecimento pelos portugueses na expedição comandada por Gaspar de Lemos em 1502, que batizou a ilha com o nome de Ilha de São Vicente em homenagem ao padroeiro de Portugal. Apesar da “descoberta”, o local já era habitado por povos indígenas da etnia Tupiniquim, principalmente.

Atual cidade de São Vicente (foto: reprodução)
Atual cidade de São Vicente (Foto: Reprodução)

Anos mais tarde, o Fidalgo Português Martim Afonso de Sousa foi nomeado pela coroa portuguesa como donatário (capitão) de duas capitanias no sistema das capitanias hereditárias adotado para a administração das terras da América Portuguesa. Em 1532, funda a Vila de São Vicente, até então a primeira vila portuguesa na América e primeira vila do Brasil.

O estabelecimento na região não se deu de forma pacífica, visto que  algumas etnias indígenas se opuseram ao invasor europeu. Um série de batalhas contra os povos indígenas se sucedeu para que a vila fosse implantada. Ao final, São Vicente possuía um pelourinho, uma igreja e uma câmara onde aconteceram as primeiras eleições em solo brasileiro.

A atividade econômica escolhida para São Vicente foi o cultivo de cana de açúcar, portanto, a construção de engenhos para manufatura da cana também se iniciou. Para ajudar nas demais necessidades alimentícias dos moradores, a agricultura de subsistência se desenvolveu e as primeiras cabeças de gado a viram para o Brasil desembarcaram na vila para o abastecimento e desenvolvimento da pecuária em 1534.

Salvador (São Salvador da Bahia de todos os santos)

Salvador foi a primeira cidade do Brasil, nascendo não só já cidade, como já capital da colônia e cosmopolita. A cidade deveria ser construída por ordem do rei Dom João III de Portugal que queria iniciar o processo de ocupação e povoamento do território brasileiro. Dessa forma, a cidade de Salvador foi planejada e executada pelos portugueses no século XVI.

Elevador Lacerda - transporte entre a cidade baixa e alta. Salvador, Bahia (foto: reprodução)
Elevador Lacerda – transporte entre a cidade baixa e alta. Salvador, Bahia (Foto:Reprodução)

Em 1549, a expedição do governador geral do Brasil Tomé de Sousa, chega ao território onde seria construída a futura capital da colônia. A expedição contava com três naus, duas caravelas e um bergantim, trazendo cerca de 1000 pessoas, entre elas mais de 300 servidores públicos assalariados, um médico, um farmacêutico, jesuítas, militares, fidalgos e alguns degredados para compor o contingente humano.

A cidade deveria ser construída de acordo com as especificações do rei, que determinava fortificações que seguissem o traçado do terreno e a divisão entre cidade alta (onde ficaria a administração pública) e cidade baixa (onde ficaria as atividades portuárias e comerciais). Os projetos da cidade de Salvador muito se assemelhavam com Lisboa, por exemplo e outras cidades costeiras de Portugal que seguiam a lógica de cidade fortificada.

Logo em 1553, uma nova expedição trouxe mais 260 pessoas para morar em Salvador, entre elas alguns jesuítas como José de Anchieta e uma boa quantidade de orfãs para serem noivas de alguns moradores (vieram por exigência dos próprios moradores da primeira expedição que se queixaram pela falta de mulheres).

Governo de Getulio Vargas- resumo do primeiro e segundo mandato

Getúlio Vargas foi o presidente que mais tempo ficou no poder em toda a história de nosso país. Natural de São Borja no Estado do Rio Grande do Sul, o ex-presidente ficou famoso principalmente por ter liderado o país durante uma ditadura conhecida como Estado Novo, que durou de 1937 a 1945. Apesar disso, Vargas foi eleito democraticamente anos mais tarde e se tornou uma espécie de mártir ao cometer suicídio deixando uma carta em consolo ao povo brasileiro.

Como bom político, Vargas exercia suas influências de modo dualista. Perceberemos durante os seus dois mandatos, uma série de medidas que o consagravam como herói do povo brasileiro, mas também algumas medidas que o colocavam como defensor das elites. Por ter articulado e desenvolvido a primeira legislação trabalhista do país, Vargas ainda hoje é homenageado como defensor do povo.

O Estado do Setor Cafeeiro

O Brasil na década de 20 era sem dúvida o principal exportador de café do mundo, abastecendo não só a Europa, mas também os Estados Unidos. Essa grande importância permitiu que o café se torna-se o mais importante produto no país e o setor também mais lucrativo. As grandes elites vinculadas ao cultivo de café dominavam não só o cenário econômico, mas também o cenário político do país.

Vulgarmente chamada de Política do Café com Leite, a política dos governadores era o pacto que até então vigorava na República dos Estados Unidos do Brasil. Basicamente, a presidência do país era decidida pela indicação de campanha do presidente anterior, tendo em vista o pequeno número de eleitores e as fraudes eleitorais, que deveria sempre alternar entre um presidente mineiro e um paulista, correspondentes aos Estados que mais exportavam café no país.

Dessa forma, a política do país ficava na mão dos setor cafeeiro e implantava medidas para proteger e sempre garantir lucros aos setor com a desvalorização cambial, por exemplo, diminuir o valor da moeda nacional que facilitava a venda do café mas tornava os produtos importados mais caros.

O fim do reinado do café

Após a segunda guerra mundial, o principal comprador de café do Brasil eram os Estados Unidos. Com um economia crescente e de grande prosperidade, os americanos viviam os seus melhores anos até então, com altíssimas taxas tanto de consumo, como de importação. A prosperidade norte-americana viria a terminar em 1929, quando houve a queda da bolsa de Nova York, gerando altas taxa de desemprego, falências de bancos e empresas, recessão e diminuição das atividades econômicas.

Getúlio Vargas em 1942. (fonte: acervo Estadão)
Getúlio Vargas (de chapéu) em 1942. (Fonte: acervo Estadão)

O mundo mergulhou na Crise de 29 e o Brasil foi diretamente afetado tanto por depender da compra de produtos industrializados dos Estados Unidos, como por esse ser o principal país comprador do café. Com a queda nas economias liberais e capitalistas e a prosperidade das economias comunistas, a União Soviética passou ilesa pela crise, a democracia, o liberalismo e o republicanismo entrava em cheque.

Visando resolver problemas econômicos, o bem estar social e evitar a ascendência do comunismo, vários países instauraram ditaduras após a crise, como Portugal, Espanha, Itália, Argentina, Alemanha, por exemplo. O Brasil seria um desses países que em 1937 entraria numa ditadura. Porém, outro fato anterior a esse colocaria em cheque a política brasileira: a Revolução de 30.

O primeiro mandato de Vargas

Com a queda da economia brasileira, a intensa proteção do setor cafeeiro de nada adiantaria para uma nova ascensão econômica do país. Contrariando a política do Café com Leite, Getúlio Vargas tenta a eleição pelos votos, mas acaba perdendo. Lidera então um movimento revolucionário com o apoio de elites e movimentos tenentistas que deflagram o golpe em 1930, estabelecendo o governo provisório.

Os militares entregam o governo a Getúlio Vargas que passa a governar por decreto de lei. O objetivo principal de Getúlio Vergas era  criar uma nova constituição para o país. Mesmo sendo contrario a política dos governadores, Vargas continuou o programa de valorização do setor cafeeiro, criando também o Conselho Nacional do Café. Houveram outras mudanças:

A criação do Instituto do Cacau;

A criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio;

A criação do Ministério da Saúde e Educação;

A Lei da Sindicalização (trazia os sindicatos junto ao governo, tanto para um melhor diálogo como também para o controle sobre esses. Visou atender pedidos dos trabalhadores para ter o apoio popular):

A nomeação de interventores nos Estados brasileiros.

O último ponto acima foi a gota d’água para uma reação de São Paulo ao Governo Federal. Com a diminuição da importância do Estado de São Paulo nas decisões políticas e econômicas do país, a nomeação de um interventor de fora diminuiu ainda mais a autonomia da província, fato que deflagrou a revolta paulista conhecida como Revolução Constitucionalista em 1932, após Getúlio Vargas derrubar a Constituição brasileira em 1931.

Um conflito armado envolvendo São Paulo e o exército brasileiro se instaurou. O Estado de São Paulo teve caixa financeiro para sustentar o conflito por algum tempo, mas foi derrotado militarmente. Apesar disso, a maioria dos interesses paulistas que motivaram a revolução foram atendidos por Getúlio Vargas.

Em 1934, Vargas convoca a Assembléia Constituinte para a elaboração da nova Constituição Federal. A nova constituição trazia amplas novidades como:

O voto secreto;

O voto feminino;

Ensino obrigatório do primário;

A consolidação das leis trabalhistas;

O Estado Novo e os guerreiros do Brasil (FEB)

As ameças comunistas de tomada do país eram muito mal vistas tanto pelas elites como pelo Governo Federal. A Intentona Comunista, comandada por Luis Carlos Prestes foi um dos movimentos que tentaram mudar o governo do país por meio da conquista popular. Apesar dos esforços, essa tentativa não foi bem sucedida.

Artilharia da Força Expedicionária Brasileira na Itália (fonte: portalfeb)
Artilharia da Força Expedicionária Brasileira na Itália (fonte: portalfeb)

Não existia uma ameaça real de tomada comunista do poder, mas o Governo Federal acabou por forjar um documento denominado Plano Cohen, que seria uma espécie de plano bem arquitetado para uma suposta tomada comunista no país, patrocinada pela União Soviética. Com o apoio popular e das elites, Getúlio Vargas derruba a constituição e inicia o regime militar do Estado Novo. Durante esse período, podemos destacar:

A criação do DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda – responsável por controlar e censurar qualquer tipo de manifestação contrária ao Governo;

Perseguição as lideranças políticas de esquerda;

Criação da Justiça do Trabalho;

Salário mínimo, direitos trabalhistas, férias remuneradas, jornada de 8 horas e a CLT;

Criação do IBGE;

Criação da Companhia Siderúrgica Nacional;

Criação da Vale do Rio Doce;

Construção da Hidroelétrica do Vale do São Francisco.

Durante o Estado Novo, o Brasil declarou guerra contra as forças do eixo e ingressou na Segunda Guerra Mundial. A entrada no país foi de fundamental importância. Os acordos políticos com os Estados Unidos permitiam que esse país construísse uma base aérea em território nacional, local estratégico para execução das missões norte-americanas na guerra.

A entrada oficial do Brasil na guerra, além de fruto de um clamor público, tendo em vista os ataques alemães as embarcações brasileiras e o número de vítimas, demonstrava o real compromisso brasileiro no conflito. O envio de soldados seria inevitável e o acordo com os Estados Unidos permitiu que os soldados da Força Expedicionário Brasileira tivessem equipamentos bélicos, veículos e aviões que após a guerra, retornariam ao país e seriam de posse do exército brasileiro.

As vitórias dos pracinhas (apelido dos combatentes brasileiros) foram de grande importância para a libertação do povo italiano e também para o orgulho nacional, fazendo com que uma das maiores homenagens públicas tenha sido feita na volta dos combatentes ao país. O ingresso na guerra permitiu a instalação da Companhia Siderúrgica Nacional, a Vale do Rio Doce e a construção de uma hidroelétrica. Isso significava o início de uma nova industrialização do país, tendo a vista a presença da indústria de base.

Além disso, a luta dos expedicionários também serviu para a queda da ditadura brasileira. Levar a democracia à Itália era extremamente contraditório para os brasileiros que não usufruíam desse direito. A queda de Getúlio Vargas e do Estado Novo foi inevitável. Nesse fato, em 1945, Vargas deixou seu cargo sem qualquer reação.

O segundo mandato

Em 1950, Getúlio Vargas retorna ao poder “nos braços do povo” por ter sido eleito democraticamente. Sua postura continuava nacionalista, visando o bem dos trabalhadores e o agrado das elites simultaneamente. Porém, em seu segundo mandato isso não foi possível, visto que suas conquistas desagradaram diversas elites no país. No segundo mandato, Vargas:

Criou a campanha “O Petróleo é Nosso” para evitar a privatização estrangeira do petróleo brasileiro;

A Petrobrás foi criada devido a força da campanha;

A Eletrobrás foi criada para distribuição energética no país;

O projeto trabalhista que visava o reajuste salarial em até 100%.

Velório de Getúlio Vargas (fonte: acervo Estadão)
Velório de Getúlio Vargas (fonte: acervo Estadão)

O efeito de suas ações muito mais nacionalistas no segundo mandato aumentou a insatisfação das elites, fato que foi refletido na imprensa. O jornalista Carlos Lacerda era o principal acusador e difamador de Getúlio Vargas e por esse motivo, sofreu um atentado que visava sua morte por Gregório Fortunato, guarda pessoal de Vargas.

No atentado, Gregório errou o disparo e matou Rubens Vaz, um Major da Aeronáutica que acompanhava o jornalista. Após o ocorrido, as pressões das elites, da imprensa e das forças armadas recaíram em Getúlio para ele abdicasse o cargo. As pressões aumentaram ainda mais devido a situação econômica do país, fator que desagradava a população.

Envolto de inúmeras pressões, Getúlio Vargas comete suicídio com um tiro no peito no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, deixando duas cartas (leia  as cartas na íntegra clicando aqui) e sua famosa frase “saio da vida para entrar na História”.

Inconfidencia mineira resumo escolar completo

A descoberta da existência do ouro no Brasil botou em cheque os destinos da colônia no final do século XVII. A importância das províncias brasileiras exportadoras de ouro estava nas alturas e Portugal mais que nunca tinha a intensão de explorar os recursos naturais dos locais e obter lucros para cumprir com seus pactos econômicos.

Com o vigor das minas brasileiras, era fácil pagar o quinto sobre o ouro (20% sobre todo ouro encontrado) e cumprir a demanda anual de impostos a Portugal. Várias cidades auríferas prosperaram economicamente, tiveram acesso a teatros, prédios públicos, ruas pavimentadas e demais processos urbanizadores, e tornaram-se grandes centros urbanos de importância na colônia.

O herói da República

A história da Inconfidência Mineira foi utilizada pela República brasileira recém criada em 1889 para legitimar a mudança do sistema governamental. Um dos heróis da República foi Tiradentes, eleito pelos intelectuais do período por ter defendido ideais de liberdade contra a coroa mesmo que mais de um século antes dos republicanos.

Praça Tiradentes - local onde provavelmente a cabeça de Tiradentes foi exposta em Vila Rica, atual Ouro Preto. (foto: Samir Negreiros)
Praça Tiradentes – local onde provavelmente a cabeça de Tiradentes foi exposta em Vila Rica, atual Ouro Preto. (foto: Samir Negreiros)

Fato é que Tiradentes ou Joaquim José de Silva Xavier, não lutava pela liberdade total do país, muito menos pela instauração da República Nacional. Ele estava envolto de interesses de crescimento regionais que estavam sendo prejudicados pela ação da coroa portuguesa em Minas Gerais, portanto, sua luta e a luta dos inconfidentes era somente em favor daquela província.

A república acabou por transforma-lo em mártir e herói nacional, até mesmo mudando a sua forma física (colocando-lhe longos cabelos e barba para assemelhar-se ao Jesus cristão e passar a sensação de salvador do país). Vale ressaltar que, apesar de utilizado dessa forma pela república, a luta de Tiradentes teve grande valor para o todo país e serviu de inspiração para inúmeras revoltas e lutas desde a colônia até os dias de hoje.

Os fatores da Inconfidência

Como já dito, as regiões auríferas da província de Minas Gerais gozavam de grande prosperidade econômica. Como o Brasil era colônia de Portugal, impostos eram atribuídos a extração do ouro para que o Estado português tivesse caixa com essa atividade e cumprisse com suas obrigações econômicas internacionais.

O imposto tinha o nome de “quinto”, pois era a quinta parte de todo o ouro minerado, ou seja, 20%. Era cobrado nas casas de fundição, onde todo o ouro era derretido e transformado em barras. 20% das barras seriam de Portugal e os outros 20% receberiam um selo real que provava não só o pagamento do quinto sobre aquele ouro, mas também atestava sua legalidade. Dessa forma, era ilegal portar ouro sem que esse tivesse o selo real.

Além dos 20%, havia uma meta a ser batida anualmente para cada região aurífera. Os impostos cobrados deveriam chegar ao piso de 1500 quilos de ouro para Portugal. O principal motivo da inconfidência foi que, em 1785, com a já eminente queda de produção aurífera dessas regiões, ficaria impossível garantir esse piso pré estabelecido.

Centro de Vila Rica, atual Ouro Preto, MG. Foi a cidade onde Tiradentes exerceu mais influência. (foto: Samir Negreiros)
Centro de Vila Rica, atual Ouro Preto, MG. Foi a cidade onde Tiradentes exerceu mais influência. (foto: Samir Negreiros)

Para garantir seus ganhos, Portugal estabelece a Derrama. Essa prática consistia na invasão das casas e demais propriedades dos colonos para o confisco de suas posses, afim de garantir o piso de 1500 quilos anuais. Dessa forma, grande parte da elite intelectual mineira se posicionou contrariamente aos atos da coroa e iniciou um movimento conspiratório.

Os inconfidentes desejam a total liberdade da província de Minas Gerais para com Portugal, ou seja, sua independência, e implantar a República no país que surgiria após essa empreita. Também tinham planos de estabelecer a capital em São João Del Rey e armar a população para essa compusesse a milícia militar quando necessário. Até mesmo o projeto da bandeira estaria pronto.

O ocorrido

Além dos planos políticos, os inconfidentes necessitavam do apoio da população para seus feitos. O plano era sair as ruas declarando a República e incorporando cidadãos a causa durante a Derrama, dia em que a grande maioria estaria revoltada com a coroa portuguesa. Tudo funcionaria perfeitamente.

Porém, um dos inconfidentes delatou o movimento e a conspiração para as autoridades coloniais em troca do perdão de suas dívidas com a coroa. Dessa forma, os inconfidentes foram surpreendidos e presos, levados ao Rio de Janeiro e julgados. A grande maioria, por se tratar de elite e detentora de posses, foi exilada ou presa.

Tiradentes, na época alferes (titulação militar ao posto de tenente) e detentor do ofício de dentista, declarou-se líder do movimento e foi condenado a morte por enforcamento em praça pública no dia 21 de 1792 na praça da Lampodosa, Rio de Janeiro. Sua morte foi um espetáculo, com direito a leitura de sua sentença por dezoito horas, banda real e a tropa portuguesa presente. O objetivo era de mostrar a força de Portugal na colonia e intimidar a população. Alguns historiadores dizem que o efeito foi contrário: a cerimônia exacerbada para a execução de Tiradentes acabou com munir ódio no povo e contribui para a memória não só do revoltoso, mas de todo movimento revolucionário.

Depois de enforcado e esquartejado, as partes de seu corpo foram distribuídas entre as cidades mineiras onde seu discurso fora inflamado e expostas em praça pública. A cabeça de Tiradentes foi exposta em Vila Rica, atual cidade de Ouro Preto.

Historia de Brasília Distrito Federal

A cidade de Brasília, capital do Brasil, hoje constitui-se como Distrito Federal e atribui-se importância administrativa ao Estado brasileiro. Não apenas uma mudança geográfica da capital, a transferência da capital para o interior do país foi marco de descoberta e ocupação do Brasil pelos próprios brasileiros, levando o desenvolvimento das regiões costeiras para o grande cerrado.

Símbolo de modernidade e grandiosidade de nosso país, a cidade tem como seus primórdios, uma idealização que vinha desde a colônia brasileira, quando a capital do país situava-se em Salvador, na Bahia. A história de Brasília perpassa no tempo apenas como uma ideia ousada, mas encontra, no século XX, a época mais propícia para sua fundação.

Em um passado distante

As primeiras ideias de mudança da capital do Brasil que se tem notícia podem ter surgido por volta de 1750. Nessa época, o território brasileiro era

Marques de Pombal (fonte: wikipedia)
Marques de Pombal (fonte: wikipedia) (Foto:Reprodução)

parte do Reino de Portugal, assim como todas as pessoas que moravam na colônia eram – apesar de brasileiros – portugueses, fiéis a coroa de Portugal. Enquanto muitos brasileiros se aventuravam no interior da colônia em busca de ouro, o cartógrafo Francisco Tosi Colombina que mapeava parte daprovíncia de Goiás propunha a ideia de mudança da capital.

Mas talvez tenha sido o famoso Marques de Pombal que tenha dado o primeiro ar de ousadia na idealização da futura capital. Não apenas a capital da colônia, Pombal propunha a mudança da capital de todo o reino para o sertão da colônia em 1761. Apesar disso, dois anos mais tarde a capital da colônia até então situada na cidade de Salvador mudaria para o Rio de Janeiro, no sudeste.

Em 1789, o marco histórico conhecido como Inconfidência Mineira lutava pela independência da colônia e associavam uma mudança de capital do Rio de Janeiro para São João Del Rey, em Minas Gerais. Porém, como é de conhecimento de todos, o movimento fracassa e é sufocado pelas tropas portuguesas.

Novos ares da Unidão dos Reinos

Em um jogo político entre Inglaterra e França, o rei Dom João VI de Portugal deu sua cartada final, revelando seu apoio a Inglaterra perante o Bloqueio Continental proposto por Napoleão Bonaparte para sufocar a rainha dos mares. Para evitar a retaliação francesa e perda de seu império, Dom João VI – juntamente a família real e nobreza – decide migrar para a capital mais bem estruturada de suas colônias, a cidade do Rio de Janeiro em 1808.

Feito isso, a colônia do Brasil deixa de ser colônia sem ao menos precisar de uma independência. O rei unifica o império que no ano de 1815 assume o nome de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarve. Durante todo esse percurso histórico, um jornalista em Londres chamado Hipólito José da Costa funda o jornal Correio Braziliense, que de forma clandestina chegava ao Brasil.

Primeira edição do Correio Braziliense (Acervo digital do Correio Braziliense disponível em objdigital.bn.br/)
Primeira edição do Correio Braziliense (Acervo digital do Correio Braziliense disponível em objdigital.bn.br/)  ( Foto:Reprodução)

Estampada em suas páginas, pela primeira vez de forma pública e alarmante, o jornalista proclamava a mudança da capital do império do Brasil para o interior, desbancando até mesmo a cidade do Rio de Janeiro como merecedora de tal título. O jornal fechou pouco antes da unificação dos impérios, em 1813.

Antes mesmo da independência do Brasil, o ministro do império, José Bonifácio já se tornava conhecido por defender uma interiorização da capital. Depois da independência, em 1823, Bonifácio apresentou a ideia durante a Assembléia Constituinte e Legislativa daquele ano. Chegou até mesmo a sugerir dois nomes: Petrópole ou Brasília. O nome Brasília havia sido proposto por uma publicação anônima no Rio de Janeiro.

 O império do Brasil estava se acostumando e se organizando fora dos domínio de Portugal. O historiador e diplomata Francisco Adolfo de Varnhagem, encaminha por correspondência ao Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB) a necessidade de se interiorizar a capital do Império. Pela primeira vez, a mudança da capital tornou-se um dos objetivos políticos do país, tendo o seu primeiro projeto bem estruturado e fundamentado apresentado pelo senador Antônio Franscisco de Paula de Holanda Cavalcante de Albuquerque.

Os horizontes da República

Com o desgaste do reinado de Dom Pedro II, o império do Brasil sofreu um golpe militar que instaurou a República e expulsou a família real das terras

Mapa do Brasil feito pela Missão Cruls. (foto retirada de http://www.cultura.df.gov.br/)
Mapa do Brasil feito pela Missão Cruls. (foto retirada de http://www.cultura.df.gov)

brasileiras em 1889. A então República dos Estados Unidos do Brasil redige sua constituição em 1891. Nela, é expresso de forma clara que o Rio de Janeiro seria o Distrito Federal de forma provisória, que no planalto central uma área de 14.400 km² ainda a ser demarcada ficaria pertencente a União para estabelecer-se a futura capital federal.

Um ano depois, o presidente da república Marechal Floriano de Peixoto funda a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, que atuaria sob a chefia do astrônomo Luiz Cruls para estudar o planalto central e demarcar o local da futura Capital Federal. Até 1894, a Missão Cruls enviaria o relatório geral oficial dos estudos e demarcações a União que propiciou a impressão do primeiro mapa do Brasil já com a futura capital demarcada. Ela ficaria conhecida como o Quadrilátero Cruls.

Equipe da Missão Cruls (Acervo Público disponível em http://www.senado.gov.br/)
Equipe da Missão Cruls (Acervo Público disponível em http://www.senado.gov.br/) ( Foto:Reprodução)

Em 1922, uma pedra fundamental é erguida aos arredores de Planaltina para comemorar o primeiro centenário da independência do Brasil. Um pouco mais tarde, em 1937, Getúlio Vargas deflagra o golpe que institui o Estado Novo. A nova constituição não menciona a mudança da capital. O projeto da Marcha para o Oeste também não via a mudança da capital como objetivo. Após a redemocratização do país em 1846, uma nova missão, chefiada pelo General Djalma Polli Coelho, é enviada para averiguar os trabalhos da Missão Cruls e retorna com o aval de que o quadrilátero é o melhor lugar para construção da futura capital.

Pedra Fundamental em Planaltina (disponível em http://doc.brazilia.jor.br/)
Pedra Fundamental em Planaltina (disponível em http://doc.brazilia.jor.br/) (Foto:Reprodução)

Uma promessa ousada

No dia 4 de abril de 1955, o candidato a presidência Juscelino Kubitschek de Oliveira foi inquirido pelo jovem Antônio Soares Neto em seu primeiro comício político, na cidade de Jataí em Goiás, a respeito da mudança da capital. O candidato responde que se eleito, faria cumprir a constituição e construiria a nova capital do Brasil.

Em 1956, Juscelino é empossado presidente da República e cumpriria um mandato de 5 anos. Junto a seus companheiros políticos, elabora projetos para cumprimento de suas metas, dentre elas, a construção da nova capital. Envia ao congresso um projeto de lei – chamada de Mensagem de Anápolis – para a construção da cidade que mais tarde faria se oficial na Lei nº. 2874, de 19 de setembro de 1956, que delimitava oficialmente o espaço da futura capital, assim como o Sítio Castanho e a criação da NOVACAP, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital, definindo o nome de Brasília para o Distrito Federal.

NOVACAP (Acervo Público disponível em fotospublicas.com)
NOVACAP (Acervo Público disponível em fotospublicas.com) (Foto:Reprodução)

Após algumas visitas do presidente ao local onde seria construída a cidade de Brasília e a criação de diversas comissões para inciar a obra, é fixada a data de 21 de abril de 1960 para a mudança definitiva da capital para o planalto central. Dessa forma cerca de 60 mil trabalhadores foram empregados para a construção da capital. Após 41 meses de construção, exatamente no dia previsto a capital é transferida. A cerimônia contou com uma missa de inauguração e uma mensagem do Papa João XXIII por radiofone, recebida com grande emoção pelos presentes.

Construção do Palácio da Alvorada (Acervo Público disponível em fotospublicas.com)
Construção do Palácio da Alvorada (Acervo Público disponível em fotospublicas.com)  (Foto:Reprodução)

Apesar de oficialmente Capital Federal do Brasil, a cidade de Brasília ainda não estava totalmente pronta. Nos anos seguintes, foram construídas a Universidade de Brasília, a Orquestra Sinfônica, a Catedral. A partir da década de 80, Brasília é visita pelo Papa João Paulo II. O Memorial JK é construído em homenagem ao ex-presidente da república, o Panteão da Pátria Tancredo Neves em homenagem aos heróis nacionais e a Pira da Pátria, para completar o complexo.

Vista noturna de Brasília (fotógrafo: Mariano Frazão)
Vista noturna de Brasília (fotógrafo: Mariano Frazão) (Foto:Reprodução)

No dia 07 de dezembro de 1987, após 27 anos da construção da capital, Brasília é reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade. Esse título atribui Brasília como centro cultural universal, de valor essencial à humanidade.