Fim do império dos maias

A civilização Maia talvez tenha sido uma das mais complexas e potenciais civilizações de todo o mundo. Tanto por sua imensa diferença cultural e de valores das civilizações europeias, como em seus avanços científicos que seguiam a mesma linha cultural de importância. Os maias, de tão diferentes que eram, nos ensinaram um pouco sobre nós mesmos.

Com uma população bastante ativa e inquieta, a civilização maia cresceu e se desenvolveu em grande parte por trabalhos voluntários dos próprios cidadãos. Unidos pela religiosidade, todo o povo maia fazia os serviços públicos gratuitamente em seus dias de folga como forma de prestigiar a magnificência de seus deuses.

Foi dessa forma coletiva e organizada que as grandes construções nas várias cidades maias foram erguidas de dinastia a dinastia. Toda a inteligente infra estrutura das cidades também foram construídas dessa forma e a cada dia, os engenheiros maias eram desafiados pelas grandiosas obras encomendadas pelos reis.

Templo Maia Chichen Itza.
Templo Maia Chichen Itza.

A população nas cidades sobrevivia em suma do plantio de milho e algumas ervas e legumes, como também de trocas comerciais de outros elementos com outras cidades e tribos próximas. As redes de comércio entre essas pessoas eram enormes e se ligavam por milhares de quilômetros. Mas a base essencial er a agricultura de cada cidade.

Muito ligados aos céus, todos os movimentos dos astros e os eventos tinham ligações com a vida, as transformações , a natureza, as relações imperiais e o plantio. O céu era parte integrante da vida e do imaginário desse povo que aperfeiçoou uma das melhores astronomias de todos os tempos sem a utilização de aparatos essencialmente tecnológicos. Sua religião e vida estavam presentes nos céus.

O fim do grande império maia se deu muito antes da chegada dos europeus na América Central. Historiadores especulam que vários fatores de desencantamento coletivo e gradual por parte da população foi o grande causador do abandono das cidades e complexos maias, o que talvez fora causado por uma grande seca.

O desgaste do solo pelas intensas práticas de agricultura também está na lista de preocupações com esse fato. A falta de alimentos, as doenças e epidemias aliadas a fome e a possível falha na religiosidade tiraram a esperança do povo. Os abusos dos reis e as intensas guerras entre cidades também podem ter contribuído para esse descontentamento geral.

Por volta do século IX, as cidades maias já eram apenas complexos incrivelmente detalhados e sofisticados consumidos pela vegetação e pelo vento vazio. Alguns séculos mais tarde, serão essas cidades abandonas que encherão os olhos dos europeus de riqueza e prosperidade que um dia tal civilização alcançou.

Qual era a religião dos maias

Templo maia
Magnífico templo maia.

O povo maia viveu na região da Meso América e constituíram um dos impérios mais intrigantes e complexos da humanidade. Essas pessoas faziam parte de um sistema político religioso essencialmente burocrático e regido pelo mito e ritos culturais de alta influência sobre todas as camadas sociais. A intimidade com a astronomia que se mostrara anos luz a frente da astronomia europeia deu a esse povo a imagem exótica e científica.

A religião maia  com relação aos mitos e deuses é muita parecida com a dos incas. Os maias admitiam vários deuses no panteão, um mito de criação do homem onde os deuses erraram várias vezes e um mundo metafísico chamado Xibalbá, cheio de perigos e passagens pelas quais as pessoas passariam após a morte.

Em base, os maias relacionavam os eventos astronômicos e a contagem dos dias, meses e anos ao poder dos deuses e suas influências. A elite sacerdotal utilizava a sabedoria astronômica também como forma convencimento do povo ao prever eclipses que para todos, eram recheados de significados religiosos. A prosperidade, guerras, plantações, morte, fome, epidemias eram relacionadas ao poder e vontade dos deuses que frequentemente necessitavam ser adorados e receber oferendas.

A vida do camponês era – além do trabalho para seu auto sustento e para os sustento das elites maias – voltada quase por inteira a crença e temor aos deuses. Tanto que em “dias de folga”, os camponeses juntavam-se para empreender as obras públicas encomendadas pelas elites, as quais teriam inúmeras relações religiosas, econômicas organizacionais. Os magníficos templos maias são resultado dessa espécie de trabalho  pelo poder da palavra e do imaginário sobre o povo.

Além disso, as próprias elites estavam dispostas a cumprirem diversos rituais religiosos – embora menos trabalhosos do que as obrigações camponesas – que consistiam na maioria das vezes em consulta aos deuses através da ingestão de plantas e bebidas alucinógenas. O imperador ou rei maia também participava desses rituais e detinha rituais específicos a sua função e cargo. A exemplo, existia o ritual da sangria, onde o rei deveria perfurar – ou decepar em último caso – o órgão genital para o sangue escorresse para um tipo de papel que depois era queimado e da sua fumaça provinha revelação de divina ou agrado simbólico aos deuses.

Os famosos rituais de sacrifício humano baseavam-se não na maldade, mas na necessidade da conservação e continuidade da dinâmica de funcionamento do mundo. De acordo com a religião maia, a terra e o universo humano era regida mediante ao sangue do coração dos homens. Para os maias, evitar os sacrifícios era contribuir para o desmoronamento do mundo e de todo sistema natural existente. O sacrifício era a ferramenta para a manutenção do mundo e o cumprimento da vontade divina dos deuses.