Responsáveis pela greve de 1917

Durante a primeira República brasileira, o país passou por um dos seus primeiros processos de industrialização que instalou principalmente a indústria têxtil em São Paulo, Rio de Janeiro e no Sul do país, primeiramente. A instalação dessas fábricas permitiu que surgisse uma classe operária no Brasil que mais tarde uniria forças para cobrança de direitos.

O contexto financeiro do Brasil, apesar da industria que dava seus pequenos passos, era basicamente alimentado pelo capital do setor cafeeiro, maior produto de exportação do país naquele período. Para garantir a proteção desse setor, as oligarquias alternavam o poder entre paulistas e mineiros (maiores produtores) na chamada política do café com leite.

Entendendo os precedentes e demais contextos

Como já dito, o poder do país estava nas mãos das oligarquias do café, essa mesma que acabou por chamar vários imigrantes para trabalhar nas lavouras após a abolição da escravidão em 1888. O país recebeu principalmente espanhóis e italianos que vieram e se estabeleceram tanto nas lavouras como nas cidades, trazendo com eles, além de outros ideais de trabalho, esperança de uma vida melhor.

Grevistas em São Paulo - 1917 (foto: reprodução)
Grevistas em São Paulo – 1917 (Foto: Reprodução)

Devido as péssimas condições de trabalho nas lavouras, em parte por não haver uma legislação trabalhista no país (a CLT só se concretizará no Estado Novo de Getúlio Vargas), vários italianos fugiram para as cidades onde se estabeleceram e iniciaram os trabalhos no setor industrial como operários. A situação econômica do país já não ia muito bem e os preços estavam em alta, isso somado aos baixos salários, já era motivo de bastante descontentamento. Essas motivações, quando intensificadas, geraram motivos suficientes para uma revolta entre italianos, espanhóis e brasileiros.

O preço da Guerra

A partir de 1915, a Europa iniciava o que mais tarde seria conhecido como primeira guerra mundial. Como as demandas dos esforços militares eram cada vez maiores, vários países tiveram que exportar mais matéria prima e demais produtos. O Brasil apoiava a Tríplice Entente, fato que proporcionou altas exportações de produtos agrícolas.

O grande problema das super exportações era que para suprir as demandas europeias, a economia brasileira começou a utilizar grande parte dos produtos que eram comercializados internamente no país, fazendo com que a falta dos produtos aumentasse os preços e, dessa forma, encarecendo a já deficiente qualidade de vida do operário e cidadão brasileiro em geral.

Em fato de comparação, um operário deveria ganhar o dobro de seu salário para sustentar uma família com dois filhos. Devido a esses motivos, além do trabalho infantil, das pesadas cargas horárias e da falta de legislação trabalhista, um grande movimento operariado começou a se levantar entre essa classe no país.

A greve geral

A greve era quase inevitável, visto que a criação de comitês grevistas com a participação de italianos, espanhóis e brasileiros, estavam se organizando de forma extremamente satisfatória. Os primeiros movimentos se iniciaram logo no início do ano de 1917 em algumas fábricas têxtil no centro de São Paulo. Logo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul entrariam no movimento somando greves em todo o país.

O pico da movimentação popular aconteceu em julho, onde uma greve geral assolou o estado de São Paulo, com participação até mesmo de funcionários públicos. Cerca de 70 mil pessoas aderiram a greve que estava sendo tratada de forma truculenta pelos policiais do Estado. Em uma ocasião, um jovem espanhol chamado José Martinez foi morto pela ação da cavalaria. Esse foi o motivo para que milhares de pessoas se reunissem no enterro do operário, fato que deu ainda mais força para o movimento.

O jornalista Edgard Frederico Leuenroth não só deu apoio ao movimento operário, como assumiu a responsabilidade de lidera-lo e articula-lo. Estando a frente desse movimento, o jornalista acabou sendo preso mas pôde negociar as exigências da greve junto ao governo. Entre as exigências, estavam o aumento de 35% do salário, a proibição do trabalho para menores de 14 anos, a não alocação de trabalhadores de 18 anos e mulheres em trabalhos noturnos, a pontualidade no pagamento dos salários, a soltura dos participantes presos durante as greves e dentre outros.

Os donos das fábricas trataram de conceder o aumento pedido pelos grevistas imediatamente após as negociações. Alguns tópicos foram discutidos depois e parte deles foram atendidos. Com parte das exigências atendidas, a greve se findou e os trabalhos retornaram o mais rápido possível.

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